Conquistar o topo (e se manter lá) no setor de tecnologia significa estar disposto a entrar em uma batalha acirrada e em constante movimento. A Microsoft é uma das grandes líderes nessa corrida e, pelo menos no mercado de desktops, ela vem mantendo sua soberania com o Windows. Segundo o The Verge, o sistema operacional Windows 10 é o mais popular em desktops no mundo, com um market share de 39,22% em dezembro de 2018. O segundo lugar também é ocupado por um produto da Microsoft: o Windows 7, com 36,9%.

No entanto, quando o assunto é dispositivos móveis, a empresa não carrega a mesma história de sucesso. Nem mesmo a aquisição da Nokia em 2013 por US$ 7,6 bilhões foi capaz de impulsionar os esforços da Microsoft em abocanhar o mercado mobile. O encerramento dessa jornada conturbada está marcado para o final deste ano com o fim do suporte ao Windows 10 Mobile. E o próprio Bill Gates reconhece essa oportunidade desperdiçada, alegando que seu maior erro foi perder para o Android.

Durante uma entrevista à empresa de venture capital Village Global, o cofundador da Microsoft fez algumas reflexões sobre o seu papel na empresa e as decisões (cruciais) tomadas ao longo do tempo. Segundo ele (grifo nosso):

“[…] o maior erro de todos foi qualquer que tenha sido minha falha de gerenciamento que fez com que a Microsoft não se tornasse o que o Android é hoje. O Android é a plataforma padrão para celulares que não são da Apple. Seria uma coisa natural para a Microsoft ganhar”.

De fato, Eric Schmidt, ex-CEO do Google, admitiu que a aquisição do Android em 2005 por US$ 50 milhões era parte dos planos da empresa de superar os esforços iniciais da Microsoft com o Windows Mobile. Em uma entrevista em 2012, Schimdt teria afirmado que eles estavam “muito preocupados que a estratégia da Microsoft para o setor mobile fosse bem-sucedida”.

No entanto, conforme observado pelo The Verge e pelo Engadget, apesar de Bill Gates assumir a culpa pelo fracasso da empresa no setor mobile, ela é comumente (e compreensivelmente) atribuída a Steve Ballmer, que ocupava a posição de CEO da Microsoft na época.

Talvez, um dos primeiros indícios de que a Microsoft poderia ser deixada para trás nessa corrida pelo mercado mobile foi o famoso vídeo em que Ballmer literalmente ri do iPhone, afirmando ser “o celular mais caro do mundo e não atrai consumidores das áreas de business porque não tem um teclado”. Claramente, ele não conseguiu enxergar a ascensão da era dos aparelhos touch e, quando a empresa finalmente decidiu tentar se adaptar à concorrência, já era tarde demais.

Gates renunciou sua posição de CEO da Microsoft em 2000, por isso não esteve diretamente envolvido nas decisões da empresa em relação ao mercado mobile. Mas, talvez, seja isso que ele queira dizer com “falha de gerenciamento”. Afinal, sua saída aconteceu exatamente nesse período em que o Android passou despercebido pela empresa e destruiu as chances de a Microsoft se tornar líder no mercado de sistema operacional para mobile também.

FONTE: GIZMODO.UOL.COM.BR